sábado, 9 de outubro de 2010

As 70 Semanas de Daniel revisitadas




Por Hermes C. Fernandes



“Portanto quando virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo ( quem lê, entenda)...”
MATEUS 24:15

Depois de orar por vinte e um dias consecutivos, Deus enviou o anjo Gabriel para confortar Daniel, e fazê-lo entendido acerca daquilo que haveria de acontecer ao seu povo. Disse o anjo ao profeta:

“Daniel, agora vim para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para declará-la a ti, porque és muito amado. Portanto, considera a mensagem, e entende a visão: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos”.
DANIEL 9:22-24.

É ponto pacífico entre os teólogos que essas setenta semanas referem-se a semanas de anos. Portanto, significam literalmente 490 anos.

O que é que aconteceria dentro desse prazo? O pecado seria expiado, e a justiça de Deus seria, por conseguinte, satisfeita. Além disso, o Santo dos Santos seria ungido.


Tudo isso aconteceu na primeira vinda de Cristo. Pela Cruz, a iniqüidade do mundo foi expiada, e a justiça divina satisfeita. Com a ressurreição, o Santo dos Santos foi ungido.
O anjo prosseguiu:

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas. As praças e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”
V.25.

Quando Daniel recebeu essa visão, Jerusalém havia sido destruída por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Entretanto, Deus estava prometendo que aquela cidade ainda haveria de ser restaurada. Em 457 aC. foi promulgado o decreto do rei Artaxerxes, concedendo a Esdras a autorização de começar a reconstrução de Jerusalém. 69 semanas de anos depois, ou 483 anos, chegamos precisamente à época em que Jesus iniciou o Seu ministério público. Trata-se de uma exatidão extraordinária, que só pode ser explicada levando-se em conta a incontestável inspiração do texto sagrado.

E o texto profético prossegue:

“Depois das sessenta e duas semanas será cortado o Ungido, e não será mais...”
v.26a.

À essas 62 semanas devem ser somadas as 7 primeiras semanas, totalizando 69 semanas. Com a morte do Ungido ( em grego é Christos ), a iniqüidade teria sido expiada, e a justiça divina vindicada. Ora, se o Ungido seria cortado depois das 69 semanas, logo, concluímos que Ele foi morto na 70a. semana. Isso derruba de vez a teoria de que a 70a. semana ainda virá, e que entre a 69a. e a 70a. haveria uma espécie de intervalo ( tal teoria é defendida pelos dispensacionalistas ) Diante do fato de que o Ungido foi cortado depois da 69a. semana, só podemos concluir que tal teoria não passa de uma falácia.

Se acreditarmos no fato de que a 70a. semana ainda está pra vir, teremos que admitir que o pecado ainda não foi expiado, e que Cristo não era o Ungido que estava pra vir. Isso seria um absurdo !

Uma vez que Jerusalém rejeitara o seu Rei, nada lhe restara senão a destruição. A morte de Cristo na Cruz selou o destino daquela cidade. Por isso, na seqüência da profecia lemos: “e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário. O seu fim será como uma inundação: Até o fim haverá guerra, e estão determinadas desolações” (v.26).

A Identidade do Príncipe que destruiria Jerusalém



Muito se tem discutido acerca da identidade do tal príncipe. Quem seria ele, afinal? Certamente não se está falando do Ungido. Trata-se de Tito, general romano que veio a se tornar imperador, e que no ano 70 d.C. invadiu Jerusalém e a destruiu juntamente com o seu soberbo templo. Antes disso, porém, os judeus vivenciaram quatro anos consecutivos de guerra. Sobre isso escreveu exaustivamente o historiador judeu Flávio Josefo.

A destruição de Jerusalém está profundamente ligada à rejeição do Messias por parte dos judeus.

Lucas narra o episódio em que Jesus “vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos. Dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados. Derrubar-te-ão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo da tua visitação” (Lc.19:41-44).

Cristo ou o Anticristo?

Logo em seguida, o anjo diz: “Ele confirmará uma aliança com muitos por uma semana, mas na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais”(v.27). De quem o anjo estava falando, agora ? Alguns entendem que a pessoa em foco aqui é o tal príncipe, ou o império que ele representa. Os que acreditam que a 70a. semana ainda virá, crêem que se trata do Anticristo. Nós, porém, temos razões fortes para crer que esta passagem fale do Ungido, e não do príncipe que destruiria Jerusalém. E que razões seriam estas? Primeiro, no texto em hebraico, o sujeito está oculto. Portanto, ambas as posições parecem plausíveis do ponto de vista lingüístico. Tanto o Ungido, quando o príncipe que virá se encaixam perfeitamente. Porém, do ponto de vista teológico, temos que admitir que é o Ungido o sujeito oculto desta passagem. E por quê?

Primeiro: Em Mateus 26:28 encontramos Jesus na última ceia apresentando o cálice que representava o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos. Isso se encaixa perfeitamente na passagem de Daniel. A aliança ali mencionada é a Nova Aliança feita no sangue de Cristo. Essa aliança foi feita na 70a semana de Daniel. Os muitos mencionados nessa passagem são os eleitos de todas as eras. No meio dessa semana ( a 70a., é claro ), Cristo fez cessar o sacrifício. O escritor de Hebreus ressalta que Cristo “havendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”. Portanto, “já não resta mais sacrifício pelos pecados” (Hb.10:12, 26b).

Diante destas afirmações, concluímos que não foi Tito, o general romano, quem fez cessar o sacrifício. Foi Cristo, o Santo dos Santos, que invalidou pelo o Seu sangue todos os demais sacrifícios. Ainda que, depois de Sua morte, os sacrifícios continuassem a ser oferecidos, eles já não possuíam valor algum diante de Deus (Hb.9:9-10).

Sobre a Asa das Abominações



Foi devido à rejeição do Messias por parte dos judeus que a destruição veio sobre Jerusalém e seu templo. Por isso, na seqüência do versículo lemos: “E sobre a asa das abominações virá o assolador, até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador” (v.27b).

O assolador nesta passagem corresponde a Roma, que foi a responsável pela destruição total de Jerusalém e seu santuário. Na última parte do versículo, lemos que Deus também determinara a destruição do assolador. No final das contas, tanto a Jerusalém apóstata, quanto o Império Romano haveriam de ser destruídos. Cerca de cinco séculos depois de haver destruído Jerusalém (476 d.C.), Roma foi invadida e saqueada pelos bárbaros, caindo assim a porção ocidental do Império Romano.

12 comentários:

  1. Muito bem escrito o blog, difícil encontrar bons textos sobre escatologia.Parabéns e continue assim.
    E o momento de desvelar segredos.

    ResponderExcluir
  2. Parabens, seu acha por bem pode me seguir no Blog:
    umaigrajaparaessetempo.blogspot.com

    Pastor Edivaldo Pereira

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. ótimo texto Hermes, que o nosso Deus continue te iluminando para que possas trazer explicações como essa.

    ResponderExcluir
  5. se quando o Messias morreu acabou a 69º semana e iniciou a 70º e as 69 anteriores foram de 7 anos, quando foi que acabou a 70º? se as outras foram literais de 7 anos por que a destruição do templo só ocorreu 70 anos depois da morte do Messias? visto que deveria ter ocorrido dentro da 70º? só duvidas...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. verdade

      parece que a literalidade dessa semana acabou de existir


      nao acredito nessa teologia

      Excluir
  6. Cada dia das semanas equivalem a setenta anos por isso a destruição de Jerusalém se dá no ano 70 DC, completando as setenta primeiras semanas, e iniciando 70 semanas posteriores.

    ResponderExcluir
  7. Me explique um pouco mais em relação a essa afirmação...Portanto, considera a mensagem, e entende a visão: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos”.
    DANIEL 9:22-24. Pois a sua resposta em relação a esse assunto foi muito breve, por que o mundo está assim ainda sendo que Setenta semanas foram estabelecidas para trazer Justiça eterna, por exemplo. só duvidas por favor me responda.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá irmão
      Tenho um site de estudos bíblicos sobre o fim dos tempos e um estudo específico sobre as 70 semanas determinadas sobre Jerusalém e os judeus...
      Por favor, se quiseres acessar esse é o endereço::::
      www.estudosdofim.org/70_semanas.htm
      um abraço!

      Excluir
  8. meus parabens, como deu trabalho pra encontrar um estudo que explicasse a destruição de Jerusalém e a ultima semana, obrigado

    ResponderExcluir
  9. Para entender as setenta semanas de Daniel, precisamos entender o calendário de Deus.
    Como calendário, as setenta semanas de Daniel, se cumpriram 6 anos depois do nascimento de Jesus como tempos determinados, as 69 semanas terminaram no ano 70 da era Cristã . como calendário as setenta semanas começaram na ordem de Ciro, como tempos determinado, as setenta semanas começaram com Nemias.

    ResponderExcluir
  10. Parabéns, mas e a conclusão? Fim do mundo? Volta do messias? Jugamento final?
    ???

    ResponderExcluir